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Desenvolvendo atitude e entendimento antes de escolher ferramentas para sua organização

Qual é o seu propósito? Muitas vezes estamos tão preocupados em quais ferramentas vamos utilizar no nosso cotidiano que nos esquecemos de refletir sobre o propósito das coisas que estamos fazendo. Seja na área de facilitação, conduzindo encontros, ou na sala de aula, utilizamos ferramentas como “Open Space”, “World Café” ou “Jogos Cooperativos” sem pensar mais profundamente nas situações e contextos em que elas são mais úteis. Também não nos atentamos em como o grupo pode ser preparado para entrar em um processo assim. Porém só escolher e utilizar uma ferramenta não é o suficiente.

O mundo seria um lugar melhor se as pessoas que tentam moldá-lo falassem abertamente sobre sua visão de futuro. Quando o líder expõe os motivos que o fazem sair da cama todas as manhãs, fica explícito qual é o lugar que ele quer chegar e quais são as métricas que utiliza para medir o sucesso. Essa transparência eleva a qualidade do diálogo com as pessoas à sua volta, tratando-as com mais respeito e consequentemente fazendo um convite para que elas também se juntem à sua causa.

Atitudes que estimulam a execução

Propósito, intenção, atitude e entendimento, são palavras importantes quando queremos colocar em prática algum empreendimento ou projeto, mesmo aqueles mais complexos. Uma habilidade essencial para grandes líderes é ter a capacidade de agregar, significar e compartilhar de forma clara algo intangível com sua equipe. Isso tudo anteriormente à escolha das ferramentas para atingir esses objetivos.

Pense no exemplo de um marceneiro que está iniciando um projeto ou mesmo em um artista plástico que fará uma nova obra. Seu primeiro pensamento não é definir pincéis, metodologias ou maquinários para, depois, decidir qual será o projeto. O propósito vem primeiro. Ou seja, eles precisam ter um entendimento de qual será seu projeto para, então, escolher os recursos que irão apoiar sua execução.

Essa forma de organizar projetos também é efetiva quando se está preparando um encontro, facilitando um processo criativo ou desenvolvendo uma aula ou dinâmica para grupos. A escolha das ferramentas é uma etapa posterior nesse processo e não deve ser seu ponto de início nem seu fim.

Que tal discutirmos mais sobre atitude, entendimento e escolha de ferramentas para seu trabalho ou para serem utilizadas em sala de aula? Acompanhe o artigo de hoje!

Como inspirar pessoas promovendo a atitude e o entendimento?

Durante a palestra Como grandes líderes inspiram ação, do TedTalk, Simon Sinek apresentou o seu conceito de “Golden Circle” (Círculo de Ouro, em português) que mostra a importância das organizações manterem o foco no “por que”, mais do que no “como” ou no “o que” estão fazendo.

Para Simon, esse é o diferencial que algumas organizações e alguns líderes são capazes de inspirar e outros não são. Enquanto boa parte das pessoas sabe exatamente no que e como trabalham, são raros aqueles que sabem o propósito de suas tarefas. E não estamos falando de lucro, mas de ideais, crenças, propósitos.

Seja motivando uma equipe ou fidelizando clientes, independentemente do tamanho do empreendimento, a regra deveria ser sempre começar pelo porquê. “O objetivo não é fazer negócios com todo mundo que precisa do que você tem. O objetivo é fazer negócios com pessoas que acreditam no que você acredita”, defende Simon. Podemos chamar isso de uma espécie de arte. A arte de reconhecer o que importa.

Hoje em dia, vários treinamentos ensinam só as ferramentas e metodologias, sem explicar a atitude que você e seu grupo devem ter para usá-las. Além disso, deixam de explicitar as situações e os contextos em que as ferramentas podem ser mais recomendáveis.

Como exemplo, nós utilizamos bastante Design Thinking como processo criativo para as empresas. Às vezes, os líderes começam dizendo “vamos fazer um processo de Design Thinking”, sem antes refletir se o grupo está preparado para isso. Muitas vezes também não analisa se a atitude da equipe, ou do próprio líder, está pronta para um processo profundo de Design Thinking. Sem estimular previamente a criatividade do grupo e abrir mão das regras e do controle do gerente, a ferramenta escolhida torna-se inútil e pode até gerar frustração no grupo, porque os resultados não serão inspiradores.

O líder deve sempre refletir sobre o seu grupo, entendendo o contexto e lembrando de que sua atitude é algo essencial para criar engajamento, gerar novas ideias, impulsionar a criatividade e para comprometer os participantes ao redor de uma proposta.

Desenvolvendo o entendimento sobre os propósitos dos projetos

Para que suas iniciativas sejam bem-sucedidas, é preciso que você encontre um propósito muito forte para seus projetos, a ponto de contagiar as pessoas ao seu redor – e, isso, independentemente da ferramenta escolhida.

Experimente pegar uma folha de papel e refletir regularmente sobre os projetos em que está envolvido ou que gostaria de começar a empreender. Tente responder com sinceridade as perguntas a seguir:

  1. Por que você faz o que faz?
  2. O que te faz querer mudar o mundo? Por quê?
  3. Qual é a sua motivação para participar de determinado projeto? Por que essa motivação é válida?
  4. Quais são seus objetivos de vida? Por que eles são objetivos?
  5. Por que sua organização existe?
  6. Por que sua equipe deveria se empenhar no seu projeto?
  7. Por que as pessoas deveriam comprar seu produto?
  8. O que é sucesso? Por quê?

Com esse exercício, você estará traçando de forma mais clara e profunda os seus propósitos e ideais, reforçando as coisas em que você acredita e gerando maior potencial para engajar pessoas nos projetos e de a ferramenta escolhida realmente ajudá-lo em seus objetivos.

Outra forma de potencializar esse resultado, é experimentar fazer essa atividade em grupo, promovendo uma busca coletiva por um propósito comum. Com isso, você verá o impacto positivo desta técnica, aumentando sua influência e colhendo os melhores resultados nos seus projetos.

Não crie um ‘sundae de almôndegas’ ao escolher as ferramentas de seus projetos

Ferramentas são o último passo na preparação de um projeto, não seu começo ou finalidade. Escolher uma ferramenta ou metodologia e tentar “fazê-la caber” em seus objetivos e ser aceita por um grupo que não entende seu propósito, que não teve sua atitude trabalhada anteriormente para utilizá-la, certamente será frustante tanto para a organização, quanto para o gestor/facilitador e para os participantes. Em uma equação como essa, o resultado nunca será o esperado.

O empreendedor e especialista em marketing, Seth Godin, chame esse processo de adicionar tecnologias, metodologias e novidades em sua organização, sem um pensamento crítico por trás, pavimentando suas decisões sobre o que é ou não aderente às suas necessidades, de fazer um ‘sundae de almôndegas’. Isto é, misturar coisas que não funcionam bem juntas e gerar algo bem diferente do que você queria.

Assim, para não criar receitas indesejáveis como essa na sua organização, primeiro defina suas reais necessidades, conheça seu grupo e sensibilize-o com os objetivos do projeto, estabeleça seu propósito para, então, avaliar as ferramentas disponíveis no mercado. Lembe-se: as ferramentas são o último passo em qualquer preparação.

Como se dá a escolha das ferramentas e metodologias que são utilizadas em sua organização? Compartilhe suas dúvidas e experiências nos comentários!

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