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Brincar é essencial: saiba porque e identifique seu estilo

Você já parou para pensar sobre o que o brincar pode fazer pelo seu cérebro? Nos últimos anos, diversos especialistas de diferentes áreas têm se dedicado exclusivamente a esse tema.

Quando pensamos em brincar, logo a imagem de uma praça cheia, ou de bonecas, carrinhos e futebol nos vem à mente, não é mesmo? Mas geralmente essas imagens estão associadas unicamente às crianças!

Parece que o hábito de brincar se perde em algum lugar no caminho entre a infância e a vida adulta.

Conforme a criança vai crescendo, os anseios e compromissos vão se transformando. O lúdico dá espaço ao boleto que precisa ser pago. A atenção dedicada ao boneco do super-herói favorito, se transforma no trabalho da faculdade que precisa ser entregue.

E, aos poucos, os momentos de prazer e de brincar perdem a sua importância. É preciso crescer. Você deve ser sério.

Mas por que um adulto não pode brincar? Na verdade, pode e deve! O poder da brincadeira ajuda a melhorar a qualidade de vida de todos, independentemente da idade.

Um dos estudos dedicados a comprovar a importância do brincar é conduzido pelo psiquiatra e pesquisador Stuart Brown, fundador do The National Institute for Play.

A seguir, vamos conhecer a sua teoria e apresentar os tipos de brincantes para que você possa se identificar e fazer melhorias na sua vida – brincando!

Qual é a importância do brincar?

O psiquiatra Stuart Brown dedicou os últimos 45 anos entrevistando mais de 6 mil pessoas, com uma ampla variedade de perfis: desde prisioneiros condenados por homicídio até vencedores de Prêmio Nobel, empresários e artistas. E o seu objetivo com isso? Reconstruir o histórico de brincadeiras de cada um!

Parece estranho? Vamos explicar o motivo. Brown trabalhava no Baylor College of Medicine e se envolveu na coleta de dados sobre a vida de Charles Whitman, responsável por um horrível massacre na Universidade do Texas, em 1966, que vitimou 16 pessoas.

A pesquisa indicou uma infância de abusos e privada de brincadeiras, como subir em árvores e convidar amigos para a sua casa, por exemplo.

Depois desse caso, o pesquisador investigou diversos casos de homicídios em massa e encontrou um denominador comum: não brincar durante a infância é um grande indicador de comportamentos violentos e antissociais na vida adolescente e adulta.

Brown percebeu, então, que brincar é importante para qualquer indivíduo e fundou o The National Institute for Play, nos Estados Unidos, com o objetivo de resgatar a brincadeira na sociedade atual.

Além disso, escreveu a obra Play: How it Shapes your Brain, Opens the Imagination and Revigorates the Soul (em Português o título se traduziria como “Brincar: como isso afeta seu cérebro, abre a imaginação e revigora a alma”), na qual afirma que brincar vai muito além do ato de jogar bola ou de fazer uma corrida de carrinhos. É uma herança ancestral – a humanidade foi biologicamente projetada para brincar e, portanto, isso precisa fazer parte da nossa cultura.

Benefícios do brincar (para todas as faixas etárias!)

Existem diversos benefícios de se permitir brincar. Essa necessidade biológica é muito prazerosa e capaz de renovar nosso senso de otimismo.

Muitas das habilidades exigidas pela sociedade contemporânea, inclusive pelo mercado de trabalho atual, podem ser adquiridas a partir da brincadeira. Brincar oferece oportunidades de aprender, cooperar, negociar, resiliência e empatia.

Além disso, brincar ajuda a libertar endorfinas e a aliviar o estresse. Brincadeiras que desafiam o cérebro ajudam na prevenção de problemas de memória.

Ainda, é possível estimular a criatividade e a inovação, aumentar os níveis de energia e de produtividade e, de quebra, reforçar os laços sociais. Tudo isso a partir de uma mudança de atitude que permita que possamos brincar!

“A habilidade de brincar é crítica não apenas para sermos mais felizes, mas também para sustentarmos relacionamentos sociais e sermos pessoas criativas e inovadoras.”
(Dr. Stuart Brown)

Como é possível resgatar as brincadeiras na vida adulta?

Para resgatar o hábito de brincar é preciso olhar para a própria personalidade: que atividades são mais (ou menos) atraentes para você?

Existem muitas formas de brincar: um jogo de tabuleiro, dedicar-se à jardinagem ou, ainda, jogar conversa fora com os amigos em uma mesa de bar.

Comece exercitando a sua memória para resgatar as lembranças mais prazerosas da sua infância. A partir da emoção dessa memória, encontre maneiras de trazê-la para a sua rotina, tanto na esfera pessoal, quanto na profissional. Pode ser que você consiga fazer isso contando piadas no escritório ou, quem sabe, brincando no quintal com os seus filhos.

Conheça os diferentes estilos brincantes

Assim como existem diferentes estilos de liderança, os ensinamentos de Brown propõem 8 diferentes personalidades de jogadores. Conheça-as a seguir e identifique o seu estilo.

1. O brincalhão

Esse tipo de personalidade está bastante associado à infância – predominam as brincadeiras e as piadas para fazer todo mundo rir.

2. O cinestésico

Já esse estilo baseia-se no movimento. São indivíduos que gostam de se mexer e de estimular esse comportamento físico (dança, ginástica, esportes) em outras pessoas.

3. O explorador

São pessoas naturalmente curiosas. Gostam de conhecer novos lugares de forma física, mental, espiritual e intelectual.

4. O competidor

Superação é a palavra-chave para esse tipo de pessoa. Elas apreciam atividades que tenham regras bem definidas e vencedores.

5. O diretor

Esse estilo brincante gosta de organizar projetos, eventos e atividades em grupo.

6. O colecionador

Pessoas com essa personalidade gostam de colecionar e compartilhar a sua experiência com os demais. Por meio da manutenção das suas coleções, elas revivem a sua história.

7. O artista/criador

Esse estilo sente prazer em criar e modificar coisas. Fazem parte desse grupo, por exemplo, os fãs de DIY que gostam de gerar novas coisas reutilizando materiais.

8. O contador de histórias

Essa personalidade carrega um carinho especial pela leitura, por filmes e contação de histórias. Adoram imaginar e são capazes de transformar qualquer coisa em uma grande aventura.

Para saber mais sobre a teoria de Stuart Brown e a importância do brincar, confira esse TED Talk no qual ele compartilha um pouco de sua experiência:

Agora, mãos à obra! Identifique o seu estilo brincante e comece agora mesmo a brincar e a resgatar todas aquelas emoções da sua infância que são tão saudáveis e que podem gerar mudanças positivas na sua vida adulta!

E você, como enxerga a relação entre brincar e qualidade de vida? Concorda com a teoria de Stuart Brown? Compartilhe sua opinião conosco nos comentários!