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Como utilizar jogos para potencializar a aprendizagem, trabalho em equipe e cocriação?

Jogos podem ser verdadeiros instrumentos de aprendizagem!

Não é à toa que na educação torna-se cada vez mais popular o conceito de “gameficação”, que corresponde ao emprego da lógica dos games para facilitar o aprendizado. Mas essa tendência não para por aí…

Quem associa a palavra “jogo” apenas à competitividade perde a oportunidade de perceber como a dinâmica de um jogo contribui para a construção de conhecimento, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional.

Já falamos aqui no blog sobre o conceito de gamestorming e como ele pode servir de base para a construção de um espaço de experimentação de ideias, desenvolvimento do trabalho em equipe e cocriação de projetos inovadores. Essa ideia é debatida no livro “Gamestorming – Jogos corporativos para mudar, inovar e quebrar regras” de Dave Gray, Sunni Brown e James Macanufo.

No artigo de hoje, portanto, vamos abordar como a mecânica dos jogos pode ajudar na gestação de ideias em qualquer espaço colaborativo.

Vamos, mais uma vez, embarcar em uma jornada de descoberta!

Os elementos de um jogo  

Para Gray, Brown e Macanufo, um jogo é como um mundo, com regras, objetivos e uma lógica própria. Para participar de um jogo, você deve acatar voluntariamente suas regras, que não necessariamente correspondem às regras de nossa realidade.

Pense em um jogo de vôlei, por exemplo. Todos os jogadores realizam movimentos (cortadas, saques, toques etc.) que não fazem sentido fora daquele contexto. Isso é chamado de espaço do jogo; nele, as regras da realidade comum são suspensas. Esse contexto ou espaço do jogo possui limites temporais e espaciais bem definidos, além de regras que devem ser seguidas e artefatos que ajudam os jogadores a executar as tarefas. No caso do vôlei, a bola seria um exemplo de artefato.

Além disso, jogos também possuem objetivos. De fato, o limite de alguns jogos é definido pela conquista de um objetivo (no jogo de vôlei, é preciso ganhar três sets de 25 pontos para ser considerado vencedor), enquanto outros usam o tempo como marcador oficial. Um jogo de futebol, por exemplo, é limitado pelo tempo (duas rodadas de 45 minutos), e não pelo número de gols.

O espaço do jogo, os limites, as regras, os artefatos e os objetivos são elementos comuns a todos os jogos.

A mecânica dos jogos 

Todo jogo se desenvolve em etapas:

  • imaginação do mundo e suas regras;

  • criação do que foi imaginado;

  • início da dinâmica;

  • exploração das possibilidades;

  • fim da dinâmica.

As duas primeiras etapas correspondem ao design do jogo, ao passo que as três últimas correspondem à atividade propriamente dita. É preciso primeiro projetar o mundo, para depois desenvolver sua dinâmica, explorando as possibilidades de ação que se apresentam a fim de conquistar um resultado pré-estabelecido.

Essa sequência de passos pode ser comparada à projeção e concretização de uma ideia.

A lógica do Gamestorming  

Gamestorming é a técnica de criação de jogos específicos para solucionar desafios corporativos, maximizar o potencial criativo de equipes e colaboradores nas empresas, e ajudá-los a gerar novos insights.

Negócios são construídos a partir de objetivos e metas, que basicamente correspondem à jornada de um estado presente, ou ponto A, para um estado futuro, ou ponto B. Essa jornada também é chamada de espaço de desafio.

gamestorming parte do pressuposto de que, para resolver qualquer problema, é preciso estabelecer etapas, limites, e regras de atuação, exatamente como acontece em um jogo. Dessa forma, um plano de ação é criado, tornando o jogador apto a solucionar gargalos, identificar possíveis obstáculos e aproveitar oportunidades.

Nesse contexto, a gestação de ideias e alternativas de ação torna-se uma realidade palpável, por conta das regras que protegem os jogadores e lhes dão os instrumentos para performarem. O espaço do jogo é um terreno fértil para epifanias e caminhos que, na realidade comum, simplesmente não seriam possíveis.

A Gamificação na educação 

Da mesma forma que o gamestorming é utilizado em ambientes corporativos, a gamificacão é uma metodologia cada vez mais empregada na educação, no intuito de tornar a aprendizagem mais intuitiva e prática, e menos focada na memorização de ideias abstratas.

Pense em um videogame: geralmente, depois que o jogador compreende todas as regras e caminhos de ação, ele começa a evoluir e, ao avançar, é recompensado. Seu esforço se transforma em vantagens das mais variadas naturezas, pelas quais ele pode explorar ainda mais aquele universo.

Essa lógica de esforço – evolução – recompensa é então transplantada para a aprendizagem em sala de aula. Cada estudante se engaja em atividades relacionadas à matéria a ser absorvida e vai escalando em seu domínio. Geralmente, em escolas que optam por empregar essa metodologia, os professores monitoram a performance individual e coletiva por meio de dispositivos automatizados.

Por meio das informações disponibilizadas, é possível verificar como cada turma e aluno absorveu um conteúdo específico, se houve dificuldades pontuais ou se algo precisa ser revisto.

A experiência da Universidade Alternativa 

Na Romênia, um espaço de aprendizagem foi criado em 2008 com o objetivo de revolucionar a educação, até então largamente dogmática, do país. É a Universidade Alternativa. Seus princípios são:

  • autonomia;

  • confiança;

  • diversidade;

  • customização;

  • pensamento crítico!

Já os objetivos educacionais podem ser resumidos como “ajudar os estudantes a serem felizes” e “dar os instrumentos certos para que eles possam transformar o mundo”.

As iniciativas para concretizar esses objetivos?

Bem, são variadas, mas citamos aqui o conjunto de atividades conhecido como “O Jogo”, que acontece uma vez por mês e reúne toda a comunidade, que é dividida em equipes. As equipes interagem e se ajudam mutuamente a superar os desafios propostos e a elaborarem desafios próprios.

A dinâmica dos jogos, aqui, é utilizada para fomentar a criatividade, a socialização, o apoio mútuo e a criação de vínculos de amizade entre todos as participantes.

Como você pôde perceber, a dinâmica dos jogos pode estimular a cooperação nos mais distintos ambientes. Além disso, a lógica do esforço – evolução – recompensa cria um terreno fértil para a gestação de ideias e caminhos alternativos, seja para a solução de um problema, seja para a inovação de um produto.

Interessado? Você pode aplicar a dinâmica dos jogos em seu processo de aprendizagem? Não sabe como? Entre em contato conosco! Teremos muita satisfação em compartilhar nossos conhecimentos com você.