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Confusão e incerteza: como liderar em meio ao caos?

As coisas estão ficando cada vez melhores, e cada vez piores, cada vez mais rápido” – Tom Atlee (The Co-Intelligence Institute)

O mundo em que vivemos está cada vez mais imprevisível. Uma olhada do alto de qualquer grande cidade e a enorme complexidade de vida e movimento logo nos toma os olhos. Procuramos navegar este cenário caótico trazendo certezas e previsibilidade para nossas vidas por meio de planos, certificados, apólices de seguro e, naturalmente, liderança.

É da natureza humana encontrar inspiração uns nos outros. Nos identificamos com quem sofre tanto quanto com quem realiza grandes obras. Nos conectamos com o que tememos e com o que ansiamos. No pensamento do filósofo holandês Baruch Spinoza, esperança e medo são sentimentos interdependentes originados pelas incertezas da nossa existência. Eles convivem, nos guiam e vivem em uma batalha sem fim. Inclusive, alternam-se em vitórias provisórias.

Nas organizações das quais fazemos parte também estamos sujeitos a medo e esperança. Há novidades que nos animam e outras que nos geram ansiedade e preocupação.

Em momentos de incerteza, olhamos para nossas lideranças. Se estamos tomados por medo, buscamos certezas. Se plenos de esperança, buscamos clareza. Qual a diferença?

A certeza é dada por regras. A clareza, por histórias. A certeza expressa obrigações e normas de comportamento. A clareza expressa valores compartilhados. Em cenários caóticos precisamos de clareza, mas o medo nos faz buscar certezas.

Os líderes que guiam com base em certezas são especialistas em estabelecer visões e regras. Na mitologia e história, pense em líderes como Moisés ou grandes conquistadores como Gengis Khan.

Já líderes que guiam com base em clareza são especialistas em reunir pessoas por meio de valores compartilhados. Pense em líderes como Martin Luther King Jr. e o Rei espartano Leônidas.

Para navegar os cenários caóticos do mundo moderno, um bom líder precisa concentrar seus esforços na clareza. É quase impossível criar e manter uma visão em meio à opacidade das rápidas mudanças. E, frequentemente, não é suficiente para motivar pessoas.

A segurança do líder em meio ao caos vem dos valores compartilhados em sua organização. Valores se conectam e geram esperança. A esperança mobiliza a coragem de seguir avançando em meio às incertezas.

Como líderes no caos, é importante conhecer o Diagrama de Forças que atuam sobre as pessoas em cenários de mudança. Há quatro tipos básicos de forças atuando em duas direções: forças que promovem a mudança e forças que bloqueiam a mudança.

Entre as forças que promovem a mudança estão a necessidade e a atração. Por vezes percebemos uma mudança como obrigação. Precisamos atualizar nossas competências ou podemos perder nosso emprego ou posição no mercado. Esta é a força da necessidade.

Outras vezes sentimos uma curiosidade e até uma certa euforia diante de uma nova possibilidade. Esta é a força da atração.

Contudo, as forças que bloqueiam a mudança também estão sempre presentes. Resistimos à mudança por simples inércia e conforto. Assim se manifesta a força do hábito. E também temos medo de mudança porque não sabemos ao certo se a novidade é superior à condição conhecida. Esta é a força da ansiedade.

Um bom Líder no Caos é capaz de reconhecer onde estão as quatro forças e construir boas histórias que apelam para cada uma delas. Desta forma, navega em meio ao caos, conduzindo aos demais graças à clareza dos valores compartilhados.

Gui Sarkis, educador e empreendedor que acredita no poder da colaboração, da criatividade e do empreendedorismo.

Facilita treinamentos e processos de cocriação com metodologias de TEAL, Andragogia, Jogos Cooperativos, Design Thinking e Solução Criativa de Problemas. Já trabalhou com grandes organizações e pequenas equipes de empreendedores. Foi coordenador e ajudou a desenvolver o Social Good Brasil Lab, programa que apoia o desenvolvimento de startups que abordam grandes problemas sociais com o uso de tecnologia, mídias digitais e pensamento inovador.

Gui também fundou a Global Sapiens, empresa que trabalha na área de viagens educacionais e busca facilitar o aprendizado de empatia como uma linguagem universal, entre outros projetos.