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Engajamento (ou a falta dele) nas empresas e nas escolas

Engajamento é compromisso, é uma chamada, é uma responsabilidade. No dicionário da língua portuguesa, o verbo se refere ao “ato de participar de modo voluntário para algum trabalho ou atividade”. Além de um compromisso, é algo que você escolhe assumir.

Engajamento nas organizações

E por quê engajamento é tão essencial? Vamos dar uma olhada. Nos ambientes organizacionais (empresas, governos e organizações da sociedade civil), a situação não é nada animadora. Uma pesquisa global realizada pelo Grupo Gallup em 2011-2012 revelou que apenas 13% dos funcionários no mundo todo estão de fato engajados, comprometidos com o seu trabalho. No Brasil o número é um pouco maior, mas mesmo assim assustador, 27%.

Ou seja, mais de 70% dos trabalhadores no Brasil estão desengajados no seu dia-a-dia nas suas organizações. Isso significa que eles provavelmente só vão ao trabalho por causa do salário no final do mês, ou para não serem demitidos e perder a fonte de renda.

Segundo outro estudo, relevado em uma matéria recente da revista Exame, o engajamento foi apontado como melhor caminho para se conseguir bons resultados em uma empresa. Essa foi a conclusão de uma pesquisa com 400 entrevistados, entre eles muitos CEOs.

Engajamento nas escolas

Nos ambientes escolares, a situação não é muito diferente. A mais recente edição da Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem (TALIS) traz novamente a questão da indisciplina nos ambientes escolares. O Brasil é o país onde isso mais acontece, e o estudo aponta o maior engajamento dos alunos como caminho para resolver essa questão. É visível hoje em dia ver jovens indo para a escola porque se sentem obrigados a ir, fazendo o mínimo possível para passar de ano.

Voltando ao significado do dicionário, mencionado anteriormente, uma palavra se destaca: voluntário. Ou seja, fazer algo por motivações intrínsecas ao invés de extrínsecas. Para estarmos engajados em algo (trabalho, sala de aula, brincadeira com nossos filhos), precisamos nos comprometer com isso de forma voluntária. E aqui está a grande sacada, ou o detalhe que poucos pensam a respeito.

Quantos funcionários numa empresa vão trabalhar com o sorriso no rosto, na expectativa de um dia intenso e cheio de experiências desafiadoras, de forma ‘voluntária’? Quantos alunos curtem as aulas na escola ou na universidade sem pensar nas provas no final do semestre? Quantos de nós acordamos plenos de manhã cedo, sem precisar do despertador (e a função ‘soneca’)? O quão engajados estamos com o processo criativo de viver nossa própria vida?

Antes de fundarmos a Manifesto 55, tivemos experiências muito impactantes com trabalho voluntário em organizações não-governamentais (ONGs), tanto como voluntários em causas sociais e ambientais, mas também como gestores e líderes de organizações de voluntários em escala nacional e internacional. Ao entender o que motiva essas pessoas a dedicar seu tempo, energia, talento e recursos sem receber dinheiro em troca, fomos percebendo alguns padrões.

Acreditamos que o caminho para chegarmos ao engajamento passa pela conexão e autonomia.

As pessoas buscam hoje, mais do que nunca, um significado e uma relevância no que fazem, ao mesmo tempo querem contribuir e querem se desenvolver, querem liberdade e querem fazer parte de algo com propósito.

A consequência desse engajamento são pessoas protagonistas, líderes de si, capazes de levar intenção e criatividade em tudo o que fazem.

Uma coisa é clara: pessoas desengajadas podem até ser responsáveis no seu cotidiano, conseguem fazer o que é esperado delas (explícita ou implicitamente) e algumas o fazem de forma bem feita. Mas apenas pessoas engajadas conseguem trazer curiosidade, dedicação e paixão para o seu dia-a-dia. Não apenas no trabalho ou na escola, mas em tudo o que fazem.