As pessoas, o mercado e as organizações estão mudando. Os problemas estão ficando mais complexos e exigem o envolvimento de mais atores. Novas tecnologias e metodologias surgem a todo o momento. As relações das organizações com os seus clientes e fornecedores estão se modificando, e esses públicos estão mais engajados na cadeia de valor. Com tantas transformações, você acha que o modelo de liderança ainda continuará o mesmo? Ou precisamos de novos perfis de líderes do futuro?

Veja neste artigo como o modelo tradicional, reconhecido na figura do líder-herói, pode excluir públicos-chave, além de abafar a criatividade, limitar a produtividade e as soluções. Entenda também como isso afeta negativamente o desempenho de equipes e os resultados organizacionais, e aprenda a reconhecer as características essenciais que os líderes do futuro devem apresentar. Ao final, decida: qual dos dois modelos é melhor para as pessoas e para as organizações?

Uma nova realidade pede um novo perfil de líder

A globalização, a alta complexidade, a hipercompetição, as crises financeiras e o advento de novas tecnologias criam um cenário que exige a reinvenção da sociedade para continuar sustentável.

Nesse contexto, as organizações estão constantemente inovando, e buscam melhorar seus processos e a sua entrega de valor. E tudo isso só é possível através das pessoas. Logo todos os colaboradores e os demais públicos envolvidos assumiram um papel central nesse processo, uma vez que são eles que criam e executam as ações que permitem que a engrenagem organizacional se mova.

Todas essas mudanças externas impulsionaram transformações internas nas organizações, sobretudo em suas metodologias de liderança. E apesar de treinamentos, coaching, mudança de mentalidade, grande parte das empresas continuam falhando em capacitar novas lideranças, tema também explorado em um TED Talk sobre “O que é necessário para se tornar um bom líder”.

O estilo de liderança conhecido como “comando e controle”, baseado em uma liderança impositiva, vertical e centralizadora, autoritária ou paternalista, vem perdendo cada vez mais espaço. Isto porque não é aderente ao novo cenário, pois não é realista pensar que uma pessoa tem todas as respostas sem envolver os atores necessários para resolver problemas complexos. Esse tipo de abordagem é característica do chamado líder-herói.

Líder-herói x líder-facilitador

Desde as obras de ficção até o ambiente empresarial, a imagem do herói solitário foi, por muito tempo, emblemática. Nas organizações, é fácil identificá-lo: são gestores que fazem questão de distinguir-se por seu cargo e nível hierárquico, que acreditam poder resolver sozinhos os problemas de seu setor e mesmo os macroproblemas da organização; sempre tendo uma resposta pronta a dar e transparecendo sempre saber o que fazer.

Seu estilo de liderança é marcado por um alto nível de controle. Ou seja, sua equipe faz apenas o que lhe é dito, desenvolvendo uma postura passiva e de dependência de seu líder. Esse gestor não recebe bem as sugestões do grupo, e vê críticas construtivas como ameaças a seu poder e controle. Pense em quantas melhorias de processo e inovações são descartadas por esse perfil de líder quando não ouvem os públicos que mais conhecem e executam diariamente esses processos.

Embora esses impulsos heroicos possam surgir das melhores intenções, eles conseguem ser altamente nocivos para o clima organizacional, produtividade das equipes e para a sustentabilidade da organização.

Muitas organizações e líderes já compreenderam isso. Até professores nas salas de aula percebem a necessidade de mudança. E, ao invés de encorajar o comportamento heroico, vêm promovendo, mesmo de forma discreta, a atitude facilitadora.

O líder-facilitador é aquele que proporciona condições e processos eficazes para que um grupo trabalhe e crie conjuntamente, encorajando a interação e oferecendo apoio para que as pessoas gerem inovação.

Esse líder minimiza a burocracia organizacional, dá feedbacks constantes, se faz presente, mas sem ser onipresente, colocando-se sempre à disposição e à serviço do grupo. Quer saber mais sobre esse perfil de liderança? Veja a seguir alguns atributos do líder-facilitador.

Características essenciais dos líderes do futuro

#1 Possuem forte habilidade de escuta

O educador e psicanalista Rubem Alves inicia assim uma de suas reflexões mais conhecidas: “Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir.” Para os líderes do futuro, essa “escutatória” é fundamental. Isto porque ao ouvir o grupo, eles poderão ajudá-lo com mais rapidez e eficácia em seus problemas e no desenvolvimento de soluções.

#2 São autoconscientes e autênticos

Esses líderes conhecem seus pontos fortes e pontos a melhorar, e têm consciência de seus limites. Isso faz com que consigam procurar ajuda nas áreas que não dominam formando, junto a seus colegas e colaboradores, uma equipe de altos resultados. Desse modo facilitam o processo de cocriação de soluções e de tomada de decisões.

O líder do futuro precisa ser autêntico, sendo fiel a seus princípios, tendo coerência entre suas falas e suas ações, e fazendo escolhas baseadas nos seus valores próprios, alinhados com os valores da organização.

#3 Acreditam no poder da cocriação

Os líderes do futuro sabem como facilitar o processo de um grupo para cocriar junto uma solução ou tomar decisões. Eles não centralizam o poder, eles o compartilham, criando um ambiente propício à inovação e à criatividade. Também entende que todas as pessoas, independentemente de seu nível hierárquico, possuem em si capacidade criativa.

#4 São empáticos

Eles conseguem colocar-se no lugar de seus colegas e entendem suas motivações e receios. Este posicionamento facilita o diálogo e o bom relacionamento que têm com as pessoas a sua volta. Assim conseguem ajudá-las a desenvolver e trazer à tona todas as suas potencialidades.

#5 Não têm medo do diálogo

Os líderes do futuro assumem uma postura aberta ao diálogo. Eles fornecem e solicitam feedback constantemente, ajudando as pessoas em sua jornada.

Outros atributos importantes:

• Sabem fazer boas perguntas.
• São catalisadores e não manipuladores do poder.
• Adotam uma abordagem de gestão holística.
• São engajados e altamente engajadores.
• Estimulam a aprendizagem experiencial.
• Em momentos de crise ou incertezas, sabem ser resilientes.
• Incentivam a troca e o compartilhamento de conhecimento.
• São intraempreendedores.
• Possuem pensamento sistêmico.

Em um mundo em evolução e cada vez mais complexo, dificilmente se encontrará uma pessoa que possua todas as respostas para todas as situações, problemas e oportunidades do universo empresarial. Por isso, o líder-herói está encerrando sua jornada e cedendo espaço para o líder-facilitador.

Esse líder do futuro ajuda o grupo a desenvolver-se em toda a sua potencialidade, engajando-o e incentivando a cocriação de soluções, o diálogo e a descentralização do poder, guiando pessoas e organizações para um melhor resultado.

Nesse cenário de mudanças, o controle (tangibilizado por meio de regras unilaterais, hierarquização, imposições) dá espaço à cocriação, por meio do diálogo, do estabelecimento de confiança e da empatia identificados em um líder-facilitador.

Agora que você já reconhece esse líder do futuro, continue aprendendo sobre o tema, leia neste post mais dicas sobre o impacto positivo que a facilitação pode gerar para a sua empresa. Se você tem alguma dúvida ou quer compartilhar uma dica sobre o assunto, lembre-se de deixar sua mensagem aqui nos comentários!