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Qual é a relação entre empreender e inovar?

Empreender e inovar são conceitos que muitos entendem como sinônimos. Você é partidário dessa ideia?

Pois saiba, desde já, que não; eles não são sinônimos. O fato de aparecerem juntos na mentalidade acadêmica e corporativa evidencia, no entanto, sua natureza complementar.

No artigo de hoje, nos propomos a falar sobre essa natureza, e tentar compreendê-la.

Nossa motivação? Na realidade dinâmica, caótica e imprevisível do século 21, acreditamos que é essencial estar ciente desses dois conceitos, das competências que eles demandam na vida real e da relação que nutrem.

A partir de agora, convidamos você para refletir junto conosco. Faça uma leitura ativa, crítica, e, se possível, compartilhe com outros entusiastas do assunto ou deixe um comentário ao final do texto!

Empreender e inovar: afinal, qual é a diferença?

Você já parou para pensar por que empreender e inovar figuram sempre na mesma frase? Até parece que um conceito é o combustível do outro, você não concorda?

Pois bem, há uma diferença básica entre esses termos, e, ao mesmo tempo, um vasto potencial complementar e colaborativo.

Partimos do pressuposto de que quem empreende não necessariamente está inovando, e vice-versa. Inovação tem a ver com criatividade, com o ato de concretizar uma ideia, de elaborar um processo inteligível que transforme o abstrato em concreto.

Empreender, por outro lado, demanda um conhecimento empírico de mercado, uma vivência e uma paixão que, juntos, transformarão o rascunho da inovação em produto final.

Empreender de forma bem-sucedida, hoje, demanda uma percepção pragmática da situação do país, ou região, em que o empreendimento se encontra, de seus possíveis obstáculos e gargalos e do que fazer para superá-los.

Empreender demanda capacidade de adaptação e de resposta!

Nas startups, por exemplo, o principal nicho de empreendedorismo a nível nacional e internacional, esses gargalos podem tomar inúmeras formas, como burocracia paralisante, legislação inexistente, flutuações econômicas etc.

O empreendedor lida com elas até achar uma forma de viabilizar seu produto.

Inovação sem empreendimento não tem escoamento e alcance, já empreendimento sem inovação é só mais do mesmo; um negócio sem estrutura, sem alma e sem perspectiva de futuro.

Qual é a natureza da inovação? O pensamento criativo e a capacidade de elaborar um processo coerente para concretizar uma ideia, transformá-la em uma sequência lógica de passos que resultarão em um produto ou serviço diferenciado, de alto valor agregado, e necessário.

Qual é a natureza do empreendimento? Viabilizar comercialmente o produto ou serviço inovador, fazer com que ele alcance seu público-alvo, transformá-lo em um modelo de negócios sustentável.

Quais são as competências de um empreendedor bem-sucedido?

As habilidades e competências que fazem um bom empreendedor, portanto, são diferentes das que fazem parte da existência daqueles que inovam.

Podemos dizer que ambos (o empreendedor e o inovador) enxergam além da estrutura óbvia do mundo capitalista, mas eles o fazem em campos diferentes.

O empreendedor necessita de uma estrutura emocional sólida e uma percepção afiada, e não necessariamente da expertise técnica que o inovador possui.

Resiliência, curiosidade, paixão pela causa (ou pelo menos uma motivação que vá muito além da financeira), disciplina e foco são ingredientes básicos para um empreendedor.

E como o empreendedor adquire tais características? Pela experiência pessoal e profissional.

Empreender, diferente do que muitos teimam em crer e fazer crer, é algo que não se ensina em uma sala de aula como disciplina isolada.

A capacidade de empreender vem de uma cultura pessoal, de uma percepção interna que emana da aprendizagem via tentativa-erro.

Trata-se de um “kit de engenhosidade”, uma caixa de ferramentas que só é possível compilar errando e acertando de forma consciente.

Quais são as habilidades de quem inova?

Já a inovação demanda a capacidade de pensar fora da caixa, de vislumbrar resoluções e alternativas diferenciadas para problemas mundanos.

O ser humano que inova é aquele capaz de visualizar tendências nos mais variados campos e não se deixar governas por elas, mas ditá-las.

Ele enxerga a perenidade e a impermanência das coisas e parte de uma percepção mais sóbria e precisa do mundo, concebendo produtos e serviços em sua área de conhecimento, levando a sociedade um passo adiante.

Pense no Whatsapp, no Nubank, no Uber, na Wikipedia e no próprio Google. A inovação vem sempre de um nicho específico, como o da tecnologia.

Perceba que o inovador é diferente daquele que tem uma ideia e não consegue transformá-la em prática.

Assim como o empreendedor precisa ir além no campo da inovação e ser um aficionado pelo que advoga, o inovador precisa ir além do campo das ideias e das epifanias.

Ele deve ser alguém que, por sua capacidade perceptiva e conhecimentos técnicos, transforma o que “pode ser” em o “que é”!

Qual é a relação entre empreender e inovar?

Por esse conjunto de características e por conta da configuração da realidade em que vivemos, empreender e inovar são iniciativas que se complementam.

Hoje, para alcançar o sucesso, é preciso unir a caixa de ferramentas do empreendedor com as características próprias de quem inova.

Por isso, propormos desde o início que empreendimento e inovação tem uma natureza complementar.

Sua combinação é vital para que uma empresa de pequeno, médio e grande porte se consolide em um mercado e torne sua existência sustentável no mundo dinâmico e incerto que a rodeia.

Com a base empreendimento+inovação construída, virar referência é questão de tempo.

Ao contrário do que muitos podem supor, portanto, esses dois pilares não são iniciativas isoladas próprias do início de um empreendimento, mas processos holísticos e contínuos, que se beneficiam um do outro ao longo da jornada.

São, ou deveriam ser, práticas e mentalidades contínuas dentro das organizações que desejam se manter relevantes no mundo V.U.C.A.

Desenvolver o próprio potencial criativo é um importante passo no caminho da inovação, ao passo que manter-se focado no momento presente e errar conscientemente são peças fundamentais para o empreendedorismo.

Você discorda? Ou essa ideia faz sentido para você? Como você tem desenvolvido essas duas facetas de sua vida? Como empreender e inovar se encaixam em seu cotidiano? Convidamos você a refletir e a compartilhar sua percepção e sua experiência conosco, aqui na caixa de comentários!