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Teoria das Inteligências múltiplas: empatia e diversidade na escola e no trabalho

Quando pensamos em gênios da nossa história é comum lembrarmos rapidamente da figura de Albert Einstein. O físico alemão nunca fez um teste de QI, mas cientistas estimam que sua pontuação teria sido de 160, superior a 99,9% da população.

Einstein ficou famoso por sua notável habilidade de abstração matemática ao propor as teorias da relatividade geral e especial, entre outros feitos que abriram caminho para a Física Moderna. Entretanto, seria a capacidade do raciocínio lógico-matemático a única forma de medir a inteligência de uma pessoa?

Liderados pelo psicólogo Howard Gardner, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Harvard desenvolveu, durante a década de 1980, a Teoria das Inteligências Múltiplas, buscando analisar e descrever melhor o que é a inteligência.

A teoria tem impacto direto sobre como enxergamos o sistema educacional, desafiando a ideia de que a inteligência é uma entidade única.

Muito além da inteligência lógico-matemática, pregada pelos tradicionais testes de QI, sabe-se que há outros 7 tipos de inteligência:

  1. linguística
  2. musical
  3. espacial
  4. corporal-cinestésica
  5. interpessoal
  6. intrapessoal e;
  7. naturalista.

Posteriormente, outras inteligências foram sugeridas (espiritual, existencial, moral), mas Gardner não incluiu na sua lista original.

Gardner defende que todas as pessoas possuem nativamente os oito tipos de inteligência, embora alguns deles sejam mais desenvolvidos em algumas pessoas do que em outras.

O que é importante ter em mente é que todas as formas de inteligências são válidas e não existe uma mais valiosa do que a outra, mesmo porque, no mundo competitivo e complexo da atualidade, a maioria das profissões requer o uso simultâneo de vários tipos de inteligência.

Há vários testes na internet que podem ajudar você a se conhecer melhor ou mesmo a entender as pessoas ao seu redor. Quando aceitamos um mundo diverso, em que as pessoas podem ter múltiplos e distintos talentos e inteligências, nos tornamos mais tolerantes e empáticos com quem lidamos no dia a dia, sejam eles alunos, colegas de trabalho ou equipes de projetos organizacionais.

“Todo mundo é gênio. Mas se você julgar um peixe por sua habilidade de subir em árvores, ele vai passar a sua vida inteira acreditando que é estúpido”.

 

Como desenvolver as suas múltiplas inteligências na prática

Todas as pessoas nascem com o potencial das oito inteligências, porém em condições ambientais (amigos, família, localidade), elas recebem estímulos para o desenvolvimento de apenas uma ou duas inteligências.

Na escola, por exemplo, as crianças são estimuladas a desenvolver, quase que exclusivamente, as inteligências linguística e lógico-matemática, o que traz um debate sobre a necessidade de mudança no paradigma educacional.

Vamos, a seguir, conhecer cada uma das inteligências propostas pela Teoria das Inteligências Múltiplas e como podemos desenvolver novos talentos e alcançar uma inteligência mais ampla.

1. Inteligência lógico-matemática

Como o próprio nome indica, este tipo de inteligência é voltada para as conclusões baseadas na razão, nas abstrações e na resolução de problemas matemáticos.

Por muito tempo ela foi considerada como o principal conceito para medir a inteligência de uma pessoa, como o famoso teste de quociente de inteligência, o QI. Engenheiros, cientistas e matemáticos se destacam neste tipo de inteligência.

Na prática: busque fazer cálculos matemáticos mentalmente e resolva problemas e testes. Jogar cartas também ajuda, principalmente o poker, que é um ótimo jogo matemático.

2. Inteligência linguística

A inteligência linguística se refere não apenas à capacidade oral, mas também a outras formas de expressão, como a escrita ou mesmo o gestual.

Profissionais com esta inteligência, como poetas, políticos e jornalistas, são ótimos oradores e comunicadores e aprendem outros idiomas com mais facilidade.

Na prática: a leitura é a principal forma de ampliar seu vocabulário. Escrever histórias e poemas também desenvolverá sua inteligência linguística. Tente fazer mais apresentações e discursos e não deixe o medo de falar em público dominar você. Ele é um dos medos mais comuns entre as pessoas e com a prática você conseguirá superá-lo.

3. Inteligência musical

Gardner acreditava que existe uma inteligência musical latente em todos. É uma forma de arte universal presente em todas as culturas. A interpretação e a produção de sons com o uso de instrumentos musicais podem ser treinadas e melhoradas com o tempo. Os músicos e compositores de peças músicas são os mais beneficiados por essa inteligência.

Na prática: escute mais música e preste atenção à letra e aos sons, pois eles estimulam novos caminhos e conexões cerebrais. Cante no banho, no carro, no karaokê. Pense na possibilidade de participar de algum coral. Aprenda a tocar algum instrumento, qualquer um.

4. Inteligência espacial

É a habilidade de observar o mundo, interpretar e reconhecer o posicionamento e movimentação de objetos. Um jogador de futebol desenvolve essa inteligência ao ver, analisar e agir em relação ao movimento de uma bola, por exemplo.

Na prática: deixe o GPS um pouco de lado. Tente decorar mapas de ruas e experimente caminhos alternativos para chegar ao seu destino. Jogos de labirinto, sudoku ou xadrez exploram a sua capacidade espacial de imaginar movimentos e fazer jogadas.

5. Inteligência corporal-cinestésica

Dançarinos, atores e atletas da ginástica olímpica possuem esta inteligência desenvolvida. Traduz-se na capacidade de controlar e orquestrar movimentos corporais. O corpo se torna uma ferramenta para expressar suas emoções.

Na prática: pratique esportes que ampliem sua consciência corporal, yoga, pilates. Dance mais. Participe de um clube de teatro ou grupo de improviso.

6. Inteligência interpessoal

A inteligência interpessoal aprimora a nossa capacidade empática. Professores, psicólogos, religiosos têm uma capacidade de entender as intenções, motivações e desejos dos outros, facilitando o relacionamento e tornando-se ótimos líderes.

Na prática: experimente praticar desafios que ampliam a capacidade interpessoal, como negociações, mediações, vendas. Converse mais com pessoas e converse com mais pessoas. Sempre pratique a empatia.

7. Inteligência intrapessoal

Essa pessoa possui a capacidade de se autoconhecer, acessar seus sentimentos e refletir sobre eles e, ainda, transformar facilmente hábitos inconscientes em atitudes conscientes. Tem o poder de controlar vícios, entender crenças e dominar as causas do estresse.

Na prática: reserve parte do seu dia para a autorreflexão e o autodesenvolvimento. A meditação pode ajudar a aumentar a consciência sobre seu corpo e suas emoções. Estabeleça desafios e metas para sua própria vida e busque caminhos para alcançá-los.

8. Inteligência naturalista

A inteligência natural não estava no estudo original de Gardner. Em 1995, o psicólogo achou necessário incluí-la como uma inteligência essencial para a sobrevivência das espécies e do próprio homem.

A pessoa com essa inteligência tem a sensibilidade para compreender toda a variedade e a importância da fauna, flora, meio ambiente e seus componentes, em um mundo cada vez mais degradado.

Na prática: faça mais passeios ao ar livre, como caminhar em parques, praças, sítios e busque contemplar o ambiente ao seu redor. Jardinagem e compostagem podem ser ótimas atividades para desenvolver nossa inteligência natural, mesmo em ambientes urbanos.

E você, já fez o teste das inteligências múltiplas? Quais habilidades você descobriu que predominam em você? Conte como as suas inteligências ajudam você na sala de aula ou no ambiente de trabalho!